terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O Grande Truque [The Prestige]

"Todo grande truque de mágica consiste em três atos. O primeiro ato é chamado "A Promessa": o mágico mostra à platéia alguma coisa ordinária… mas que naturalmente não o é. O segundo ato é chamado "A Virada": o mágico faz essa coisa ordinária fazer algo extraordinário. Agora, você está procurando pelo segredo… você não o encontrará, e é por isso que há um terceiro ato chamado "A Fascinação" ["The Prestige"]: esta é a parte das reviravoltas, onde as vidas ficam suspensas e você vê algo chocante que nunca havia visto antes."


Você está olhando atentamente??

O filme do diretor Christopher Nolan se passa na virada do século XIX para o século XX e conta a história de dois mágicos: Alfred Borden (Christian Bale) e Robert Angier (Hugh Jackman). No começo, os dois eram grandes amigos, até que um incidente separa os mágicos.

Nolan jamais subestima a inteligência do espectador. Ao contrário, ele empurra a platéia a momentos de reflexão.

A estrutura do roteiro, escrito pelo próprio Nolan e por seu irmão Jonathan, faz deste, o filme mais difícil do cineasta desde Amnésia. Com o constante vai e vém no tempo, sempre sem aviso ou rodeios, e narrações de diversos personagens, O Grande Truque é um filme que exige um cineasta de talento para se tornar atrativo aos olhos do espectador. Neste sentido, Nolan comprova mais uma vez sua habilidade em contar histórias, mantendo a narrativa segura, com foco não nos truques dos mágicos, e sim na rivalidade entre os dois, uma escolha que revela-se muito acertada.

Ao abordar a trama desta forma, O Grande Truque deixa de ser apenas um “filme de mágicos” para se transformar em um estudo da natureza humana. Nolan tem condições de explorar os personagens e suas motivações, enriquecendo a obra. Se a dedicação completa dos mágicos à sua arte impressiona, é a obsessão quase cega deles em destruir um ao outro que eleva o nível do filme.

Assim, com espaço para os personagens, quem ganha chance de destaque é o elenco. Hugh Jackman oferece aqui provavelmente a sua interpretação mais completa, construindo um personagem tridimensional que passa por diversas transformações na obra. Por outro lado, é difícil dizer que esta é a melhor interpretação de Christian Bale (o ator tem diversos grandes trabalhos), mas seu desempenho em O Grande Truque é o perfeito contraponto à atuação de Jackman. Bale cria um Alfred Borden completamente apaixonado por aquilo que faz, capaz de devotar sua vida a isso. É um homem muito mais frio do que seu rival, uma vez que não hesita nem em machucar aqueles a quem ama.

O elenco ainda traz o sempre ótimo Michael Caine na pele de Cutter como uma espécie de mentor dos mágicos, o engenheiro que inventa os truques. O ponto fraco fica por conta da assistente de palco Olivia Wenscombe (Scarlett Johansson), completa e totalmente desperdiçada em um papel pequeno, que certamente não condiz com seu talento e status.

É uma sensação extremamente agradável assistir a um filme como O Grande Truque, no qual é difícil antecipar o que irá acontecer no minuto seguinte e, muito menos, como tudo irá terminar.

Para mim, o ponto menos positivo do filme é referente à invenção utilizada por um dos mágicos. Ainda não fiquei totalmente convencida de que colocar algo, digamos, “impossível” na obra tenha sido a melhor alternativa, uma vez que diminui o talento de tais artistas ao mostrar algo que não é um truque – além, claro, de tirar um pouco da realidade da produção.

Uma curiosidade: Este é o 2º filme em que o diretor Christopher Nolan trabalha com os atores Christian Bale e Michael Caine. O anterior foi Batman Begins.

Um comentário:

Diavibelon disse...

Faz tempo q quero assisitir a esse filme.
mas ainda nao deu.
Acho q pro Hugh Jackman conseguir fazer um bom personagem é mais mérito do roteiro e do diretor do q dele. ele é muito ruim como ator.
rsrsrs
Agora Bale e Caine são diferente. Foi esse filme q lçou o boato de q o intérprete do Wolverine supracitado estaria no próximo Batman como ninguém menos q o promotor público Harvey Dent (futuro Duas-Caras), felizmente eram só boatos.
rsrsrsrs
bjos Érika.