quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

O Auto da Compadecida

Depois de ler o livro e assistir (repetidamente) o filme, acabei comprando o box (cd + minissérie) de O Auto da Compadecida. Aliás, muitas cenas hilárias ficaram de fora no filme, por exemplo o episódio “O gato que descomia dinheiro”. Pra quem não assistiu, eu explico: João Grilo (Matheus Natchergaele) e Chico (Selton Mello) quem convencer sua patroa Dora (Denise Fraga) de que eles possuem um gato que descome (caga) dinheiro. Agora, imaginem vocês a cena: João Grilo com uma moedinha em uma mão e segurando o rabo do gato erguido.. já pensou no resultado??? Miauuuuuuuuu.
Mas vamos falar do filme.

Com direção de Guel Arraes, adaptado da peça de Ariano Suassuna, teve sua estréia no cinema em 1999. Filmado no nordeste do Brasil, o filme retrata a história de João Grilo), um nordestino mentiroso que luta por sua sobrevivência e que ao lado do covarde amigo Chicó tenta enganar os poderosos da sociedade.

A Igreja era completamente manipulada pelo dinheiro, e Suassuna deixa isso transparecer ao mostrar a corrupção do padre João (Rogério Cardoso) e do bispo (Lima Duarte). Estes, mesmo sendo ameaçados de morte pelo cangaceiro Severino (Marco Nanini), se recusam a entregar todo o dinheiro das ofertas, quem sabe intencionando comprar um bom lugar para onde estavam sendo mandados.

Na cena em que Nossa Senhora Aparecida (Fernanda Montenegro) intercede junto a seu Filho pelos homens, Suassuna levanta uma questão quanto à autoridade de Jesus. Mostra um Jesus submisso às vontades de sua mãe, ou melhor, somente acatando as decisões tomadas por ela.

Quando as ações dos personagens entram em conflito com a Igreja, geram algumas reflexões sobre os dogmas da Igreja. Defendendo seus "filhos", Jesus (Maurício Gonçalves) argumenta que todos são iguais diante de Deus ou do Diabo.

As cenas finais de O Auto mostram um julgamento e uma briga entre Deus e o Diabo - para decidir o futuro das almas dos personagens.

O momento mais chocante do filme é quando aparece um Jesus negro. Espanto enfatizado pelos próprios personagens ao verem um Jesus completamente oposto ao que sempre imaginaram.

O filme questiona a inclinação do homem para a maldade, o medo da morte vivenciado pelos atores, e o perdão o qual todos têm direito. A história termina com um contexto social, destacando a terra pobre, falando sobre os retirantes que vão para o litoral em busca de uma vida melhor. E critica a sociedade comparando o inferno com uma repartição pública que existe, mas não funciona.

O Auto da Compadecida é uma crítica em vários aspectos, onde revela toda a sujeira da sociedade e não esquece de todas artimanhas usadas pela Igreja e seus representantes. Onde um Jesus diferente foi preciso para determinar de uma vez por todas o preconceito embutido nessa sociedade capitalista.

Uma curiosidade: O Auto da Compadecida foi o primeiro filme feito inteiramente pela Globo Filmes, desde a idéia até seu desenvolvimento. Como isso aconteceu?

Não sei, só sei que foi assim que o cinema brasileiro vem crescendo a cada dia.

3 comentários:

Cinthia Regina disse...

Só para eu me achar um pouquinho, já que sou uma excluída do mundo dos Blogs: "Quem tem uma foto com o Ariano, quem, quem????"

HEHHEHEHEH

e.r.i.k.a disse...

hahahaah verdade, amiga!!!!
tinha esquecido desse detalhe!

bjsss

taci disse...

Hum, muito bom!!!Encontrei o que estava procurando com a linguagem que queria encontrar!!!
Um abraço.