domingo, 24 de fevereiro de 2008

1408

Com um pouco de receio, resolvi assistir ao tão divulgado filme. Digo com receio porque, ultimamente, os filmes baseados na obra do mestre Stephen King têm sido verdadeiros acidentes de percurso. Desde À Espera de um Milagre, as obras desse autor não têm recebido a mesma atenção ao serem adaptadas para o cinema.

Mike Enslin (John Cusack) é daquele tipo que só acredita vendo. Depois da morte da filha e do fim do casamento, ele embarca em viagens para desvendar supostos fenômenos sobrenaturais. E é justamente o ceticismo de Enslin que nos indica o caminho que se pretende seguir: o do suspense e do desconhecido.

O filme se passa no que poderíamos chamar de tempo real e com uma estrutura diferente da que estamos habituados a ver. Tudo o que é importante está à vista, mas ao contrário do que é normal neste gênero de filmes, tudo é mostrado de forma inteligente e sucinta.

A realização extremamente competente traz planos geniais: o início do filme fala por si só. É graças às cenas no hotel - quando o gerente Gerald Olin (Samuel L. Jackson) encontra Mike, a ida até ao quarto (muito bem conseguida) e o plano da chave (genial) - que o filme se mantém coeso até muito próximo do final. O fato de também não terem recorrido aos efeitos digitais em excesso, torna o filme mais sólido. Apesar disso, nas cenas em que os efeitos são utilizados, foram feitas de forma acertada. Um ponto positivo: os mortos aparecem como uma cena de televisão dos anos 50. De bom gosto e original!

John Cusack é o homem do filme. É ele que carrega o filme nas costas com uma interpretação muito acima da média, aliás muitas vezes, trata-se de um monólogo; temos praticamente o filme todo só com John Cusack. Mas não é apenas na criação de Mike que Cusack se sai bem, afinal existe um outro personagem bastante importante: o apartamento. Em conjunto com a equipe técnica, o ator é essencial para a identificação do espectador. Enquanto um rádio insiste em tocar o trecho de uma música que diz: “estamos apenas começando” (We've only just began, da minha adorada Karen Carpenter), Cusack em dado momento do filme já estabelece diálogos com o imóvel.

Apesar dos sustos fáceis do estilo vulto + som alto, é mesmo o clima sinistro e o terror psicológico que deixam 1408 acima da atual média dos filmes de terror.

Porém, não posso deixar de apontar aquilo que considero ser menos bom: o final. Sem querer contar muito, o final é exageradamente confuso, extenso, desconexo e descontextualizado de todo o resto, com repentinos avanços e retrocessos que deixam o espectador sem saber onde se situar e principalmente sem perceber o desfecho do filme.

Mesmo deixando muito em aberto alguns aspectos do filme, como por exemplo, o que há realmente no quarto ou quem mandou o maldito postal que levou Enslin a ir ao Hotel Doplhin, 1408 é, com certeza, um dos melhores filmes do gênero que vi ultimamente. Ótimo entretenimento com uma rotina de terror bem conseguida independentemente do ponto de vista.

Uma curiosidade: há diversas referências ao número 13 ao longo do filme. Uma delas é o próprio título, cuja soma dos números dá exatamente 13.

Um comentário:

Anônimo disse...

Interessante o blog ..
Eu assisti o filme sem saber que era baseado na obra do stephan . achei horrível até então . rs . logo depois fiquei sabendo e mudei de visão . mas infelizmente ainda acho que um tipo de filme assim ser retratado como blockbuster é complicado .. pois o grande consumidor dos blocks . são ligeiramente estúpidos . e querem ver efeitos e roteiros clichês . na minha opinião .. uma obra como esta não deveria ser entregue ao capitalismo de mãos dadas . Apesar da boa produção . não senti clima nem de terror . nem de suspense . somente de confusão . o único efeito que me cativou foi quando ele enxerga ele na prédio ao lado . uma ótima montagem .
bem . uma análise crítica de cada aspecto demanda muito tempo . e só assisti no cinema . entaum prefiro naum falar muito além . na minha opinião . o diretor não conseguiu passar a mensagem consisamente .. e se foi a intensão dele esta . creio que perdeu muito . pois passar um filme desta característica para a grande massa . sem dúvida alguma naum rende muito . Ninguém entende porra nenhuma . rs .