
segunda-feira, 10 de março de 2008
Closer - Perto Demais [Closer], 2004

Sin City [Sin City], 2005

Visualmente, a qualidade de Sin City é indiscutível. Ao contrário de outros filmes que são filmados em digital de alta denifição sempre em tela verde e depois acrescidos os cenários (ex. Capitão Sky e o Mundo de Amanhã), neste filme o efeito passa despercebido na maior parte do tempo, com a ajuda do preto e branco de forte contraste.
As cores usadas em detalhes a cada cena (sangue, olhares e 'otras cositas más') é definitivamente hipnótico e muito bonito.
Onde Sin City comete um pecado (piadinha sem graça..) é na narrativa. Na obsessão de que tudo fosse fiel à fonte, Rodriguez exagera na narração em off. Há seqüências muito longas apenas com diálogos internos dos personagens.
Há uma constelação de estrelas no filme (outra piadinha sem graça..) de pequenos papéis como Josh Harnett e Elijah Wood, Jessica Alba, Rosario Dawson e Brittanny Murphy (sensualíssimas e fatais). Os vilões são vividos por Nick Stahl e Benicio del Toro; os anti-heróis por Clive Owen e Bruce Willis (gatíssimo). Destaque para Mickey Rourke (Marv) com as melhores falas e se divertindo no papel do matador deformado.
As histórias se intercalam e algumas vezes são contadas fora de ordem, bem no estilo Quentin Tarantino, que, aliás, comandou uma seqüência como diretor convidado.
Curiosidade¹: Robert Rodriguez inicialmente queria que Johnny Depp interpretasse o personagem Jack Rafferty. Depp chegou a negociar sua participação no filme, mas terminou não entrando em acordo.
Curiosidade²: Inicialmente seria Leonardo DiCaprio o intérprete do personagem Roark Jr., mas posteriormente desistiu do personagem.
Curiosidade³: O sangue branco, marca registrada da revista, não pôde ser produzido de forma convincente nos sets de filmagens. Assim, foi usado um líquido vermelho fluorescente, que foi filmado com uma luz negra. Depois a cor deste líquido foi alterada para branco.
terça-feira, 4 de março de 2008
Todo-Poderoso [Bruce Almighty]
Apesar de já ter assistido a esse filme, fiquei com vontade de sentar no sofá, com uns chocolatinhos e uma coca bem geladinha e curtir a Sessão da Tarde. Duro ser gente grande (metáfora, minha gente!) e ter que trabalhar. Mas, falando de filme...
Em Todo Poderoso, Jim Carrey interpreta o papel de Bruce Nolan, um repórter televisivo conhecido por suas matérias onde o mesmo se esforça e, como seu chefe diria: “possui o dom de fazer as pessoas rirem”.
Entretanto, Nolan não se sente profissionalmente realizado e quer ser o chamado âncora de seu canal. Âncora vem a ser um famoso apresentador de telejornal local, visto com certo prestígio por parte de seu grupo e da própria sociedade (Fátima Bernardes, William Bonner e por aí vai..).
Contudo, Bruce tem um rival muito talentoso em seu caminho que sempre dá um jeito de ficar com as melhores reportagens e Bruce, por sua vez, acaba ficando com as menores e sem tanta importância, o que dificulta sua promoção para “âncora” em seu trabalho.
Sem nenhuma pessoa específica pra chamar de culpado, o pobre Bruce decide atacar Deus. Mas o Todo Poderoso decide atendê-lo e o convida para uma “reunião”, onde passa a ele todos os seus poderes. Com isso, o fracassado jornalista tenta recuperar seu trabalho, sua namorada, e sua dignidade.
As melhores piadas do filme ocorrem durante o "reconhecimento" das novas possibilidades, como toda a seqüência dentro da lanchonete. A partir daí, Bruce usa e abusa da situação em proveito próprio e para castigar os seus rivais.
Algumas tiradas de Todo Poderoso são realmente inspiradas, como os furos jornalísticos do repórter sabe-tudo. Mas, assim como os poderes de Bruce uma hora acabam, também as piadas se transformam, na metade do filme, em um sermão. Na marra, o protagonista aprende a ouvir as rezas e os pedidos do resto do mundo, a usar os poderes para o bem comum - e a reconquistar o coração da amada perdida.
O filme recebeu 2 indicações ao MTV Movie Awards, nas seguintes categorias: Melhor Comediante (Jim Carrey) e Melhor Beijo (Jim Carrey e Jennifer Aniston).
Curiosidade¹: o ator Robert De Niro chegou a ser sondado para interpretar Deus em Todo Poderoso.
Curiosidade²: foi o filme mais visto no Brasil em 2003, tendo levado 5.453.916 pessoas aos cinemas.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
O Grande Truque [The Prestige]

Você está olhando atentamente??
O filme do diretor Christopher Nolan se passa na virada do século XIX para o século XX e conta a história de dois mágicos: Alfred Borden (Christian Bale) e Robert Angier (Hugh Jackman). No começo, os dois eram grandes amigos, até que um incidente separa os mágicos.
Nolan jamais subestima a inteligência do espectador. Ao contrário, ele empurra a platéia a momentos de reflexão.
A estrutura do roteiro, escrito pelo próprio Nolan e por seu irmão Jonathan, faz deste, o filme mais difícil do cineasta desde Amnésia. Com o constante vai e vém no tempo, sempre sem aviso ou rodeios, e narrações de diversos personagens, O Grande Truque é um filme que exige um cineasta de talento para se tornar atrativo aos olhos do espectador. Neste sentido, Nolan comprova mais uma vez sua habilidade em contar histórias, mantendo a narrativa segura, com foco não nos truques dos mágicos, e sim na rivalidade entre os dois, uma escolha que revela-se muito acertada.
Ao abordar a trama desta forma, O Grande Truque deixa de ser apenas um “filme de mágicos” para se transformar em um estudo da natureza humana. Nolan tem condições de explorar os personagens e suas motivações, enriquecendo a obra. Se a dedicação completa dos mágicos à sua arte impressiona, é a obsessão quase cega deles em destruir um ao outro que eleva o nível do filme.
Assim, com espaço para os personagens, quem ganha chance de destaque é o elenco. Hugh Jackman oferece aqui provavelmente a sua interpretação mais completa, construindo um personagem tridimensional que passa por diversas transformações na obra. Por outro lado, é difícil dizer que esta é a melhor interpretação de Christian Bale (o ator tem diversos grandes trabalhos), mas seu desempenho em O Grande Truque é o perfeito contraponto à atuação de Jackman. Bale cria um Alfred Borden completamente apaixonado por aquilo que faz, capaz de devotar sua vida a isso. É um homem muito mais frio do que seu rival, uma vez que não hesita nem em machucar aqueles a quem ama.
O elenco ainda traz o sempre ótimo Michael Caine na pele de Cutter como uma espécie de mentor dos mágicos, o engenheiro que inventa os truques. O ponto fraco fica por conta da assistente de palco Olivia Wenscombe (Scarlett Johansson), completa e totalmente desperdiçada em um papel pequeno, que certamente não condiz com seu talento e status.
É uma sensação extremamente agradável assistir a um filme como O Grande Truque, no qual é difícil antecipar o que irá acontecer no minuto seguinte e, muito menos, como tudo irá terminar.
Para mim, o ponto menos positivo do filme é referente à invenção utilizada por um dos mágicos. Ainda não fiquei totalmente convencida de que colocar algo, digamos, “impossível” na obra tenha sido a melhor alternativa, uma vez que diminui o talento de tais artistas ao mostrar algo que não é um truque – além, claro, de tirar um pouco da realidade da produção.
Uma curiosidade: Este é o 2º filme em que o diretor Christopher Nolan trabalha com os atores Christian Bale e Michael Caine. O anterior foi Batman Begins.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
A Nova Onda do Imperador [Emperor´s New Groove]

A Disney que (na época do lançamento desse filme - 2000) não vinha produzindo muitos filmes épicos de desenho animado, trouxe um filme que põe de lado todos aqueles traços realistas dos personagens e aquela multidão de efeitos especiais (será que é isso que chamam de 'magia Disney'?).
A história tem três personagens: Kuzco (na voz de Selton Mello), um imperador cruel que não tem o mínimo de piedade com seus empregados e com seu povo (ainda que não por maldade, mas por descaso); Yzma (na voz de Marieta Severo), a típica vilã Disney: exagerada, velha e cheia de maldades, com um capanga que faz tudo por ela; e finalmente Pacha, o camponês que vê sua aldeia, sua casa e sua gente ameaçada por um capricho do imperador.
Resumindo: o imperador Kuzco quer dar de presente a si mesmo um spa de férias e quer construí-lo no alto morro, onde fica a casa de Pacha. Enquanto isso, Yzma arquiteta um plano para destronar o imperador e assumir seu lugar. Porém, seu plano dá errado e ela transforma Kuzco em uma lhama e este acaba indo parar na casa de Pacha.
Agora o imperador Kuzco depende de Pacha para retornar ao seu palácio e ao poder, mas este só quer ajudar caso tenha garantias que não vá ter a sua casa demolida. Não querendo ceder no início, Pacha e a lhama Kuzco vão criando um laço forte de amizade à medida que enfrentam os perigos do retorno ao palácio.
A Nova Onda do Imperador é um filme com traços simples e personagens que são verdadeiras caricaturas de seus dubladores (David Spade - Kuzco, John Goodman - Pacha e Eartha Kitt - Yzma). As paisagens são bastante colorida e os diálogos e situações são engraçadíssimas. A trilha sonora é ótima e a dublagem convincente.Mesmo não sendo um daqueles filmes inesquecíveis, como O Rei Leão, é um dos mais divertidos da Disney.
Uma curiosidade: na versão dublada, as canções de A Nova Onda do Imperador foram cantadas por Ed Motta. Esta é a terceira vez que o cantor brasileiro participa de um desenho da Disney. As anteriores foram em Tarzan e O Corcunda de Notre Dame.
domingo, 24 de fevereiro de 2008
Pecados Íntimos [Little Chidren]

Pecados Íntimos fala de Sarah (Kate Winslet), casada e mãe de uma menina. Sarah leva sua filha para brincar no parque. Sentada num banco, lendo seu livro, observa com certo distanciamento a conversa de três outras mulheres que também freqüentam o local com a mesma finalidade. A atenção delas é despertada pela presença do bonitão Brad (Patrick Wilson), que volta e meia aparece por lá com seu filho pequeno. Sem coragem de iniciar um diálogo, as moças o chamam de O Rei do Salão. Este, por sua vez, mesmo sem saber, desperta nelas desejos sexuais há muito escondidos.
Não demora para que Sarah e Brad, depois de uma brincadeira que dá errado, desenvolvam uma afeição mútua. E se tudo parece normal demais, surgem dois elementos externos às histórias de subúrbios que tornam a história intrigante e evidencia suas discussões. Volta à cidade, depois de cumprir pena, um pervertido, preso por exibir-se para uma criança. É como se um tubarão (a cena da piscina é poderosíssima para gravar essa imagem) entrasse numa pacífica lagoa. A outra é a entrada de Brad para uma liga amadora de futebol americano, atendendo aos apelos de um amigo antigo e ex-policial (Noah Emmerich), cujo hobby é incomodar o ex-presidiário e sua mãe todas as noites.
A história do pervertido, vivendo com a sua preocupada mãe (tão superprotetora quanto às do parquinho), é a melhor. Seria ele um sujeito realmente perigoso - seu ato o primeiro de uma série - ou alguém que errou uma vez, pagou o preço, e está de volta reabilitado? O personagem é vivido por Jackie Earle Haley, um antigo astro-mirim da década de 1970, que entrega-se totalmente ao trabalho.
Talvez o principal mérito de Pecados Íntimos esteja na construção dramática de seus personagens. As ações de Sarah e Brad, certas ou erradas, são coerentes com os respectivos sentimentos ao longo da trama. Não há pressa. Não há exageros. Nada soa forçado. Por mais reprovável e injustificável que seja, o adultério cometido pelos dois protagonistas surge como uma conduta perfeitamente compreensível no contexto da história. Por sua vez, a reação nada romântica de Ronnie ao final de um primeiro encontro amoroso, é por nós aceita como plenamente possível diante do momento dramático do personagem. Roteiro bom é isso: timing é o segredo de tudo.
Por melhor que seja o título nacional, teria sido melhor manter o original (Criancinhas ou Pequenas Crianças). Quem são as verdadeiras criancinhas? Seria Ronnie, o adulto infantilizado pela mãe dominadora? Seria o casal Sarah e Brad, imaturos na forma como tentam resolver suas próprias fragilidades? Seriam as próprias crianças, assustadas com a ameaça de um psicopata na casa ao lado? Seriam as três esposas do parque, que de tão fiéis à instituição do casamento, praticam sexo com hora marcada e nem percebem que o parceiro adormece durante o ato?
O desfecho tem um certo tom conformista, de aceitação, que inicialmente incomoda. Mas conforme passam as horas ele cresce e transcende o óbvio, respeitando seus personagens. Field e Perrota (roteiristas) sugerem que eles são todos cheios de falhas, mas o pervertido é o único que conhece as suas. De certa forma, é a única pessoa honesta na hipócrita comunidade - e a única capaz de amar de verdade e fazer sacrifícios em nome desse amor.
Destaque: a cena do adultério em cima da máquina de lavar. Não vou nem comentar.. vou deixar por conta de quem assistir.
Uma curiosidade: Foi Kate Winslet quem sugeriu Patrick Wilson como intérprete de Brad.
1408

Mike Enslin (John Cusack) é daquele tipo que só acredita vendo. Depois da morte da filha e do fim do casamento, ele embarca em viagens para desvendar supostos fenômenos sobrenaturais. E é justamente o ceticismo de Enslin que nos indica o caminho que se pretende seguir: o do suspense e do desconhecido.
O filme se passa no que poderíamos chamar de tempo real e com uma estrutura diferente da que estamos habituados a ver. Tudo o que é importante está à vista, mas ao contrário do que é normal neste gênero de filmes, tudo é mostrado de forma inteligente e sucinta.
A realização extremamente competente traz planos geniais: o início do filme fala por si só. É graças às cenas no hotel - quando o gerente Gerald Olin (Samuel L. Jackson) encontra Mike, a ida até ao quarto (muito bem conseguida) e o plano da chave (genial) - que o filme se mantém coeso até muito próximo do final. O fato de também não terem recorrido aos efeitos digitais em excesso, torna o filme mais sólido. Apesar disso, nas cenas em que os efeitos são utilizados, foram feitas de forma acertada. Um ponto positivo: os mortos aparecem como uma cena de televisão dos anos 50. De bom gosto e original!
John Cusack é o homem do filme. É ele que carrega o filme nas costas com uma interpretação muito acima da média, aliás muitas vezes, trata-se de um monólogo; temos praticamente o filme todo só com John Cusack. Mas não é apenas na criação de Mike que Cusack se sai bem, afinal existe um outro personagem bastante importante: o apartamento. Em conjunto com a equipe técnica, o ator é essencial para a identificação do espectador. Enquanto um rádio insiste em tocar o trecho de uma música que diz: “estamos apenas começando” (We've only just began, da minha adorada Karen Carpenter), Cusack em dado momento do filme já estabelece diálogos com o imóvel.
Apesar dos sustos fáceis do estilo vulto + som alto, é mesmo o clima sinistro e o terror psicológico que deixam 1408 acima da atual média dos filmes de terror.
Porém, não posso deixar de apontar aquilo que considero ser menos bom: o final. Sem querer contar muito, o final é exageradamente confuso, extenso, desconexo e descontextualizado de todo o resto, com repentinos avanços e retrocessos que deixam o espectador sem saber onde se situar e principalmente sem perceber o desfecho do filme.
Mesmo deixando muito em aberto alguns aspectos do filme, como por exemplo, o que há realmente no quarto ou quem mandou o maldito postal que levou Enslin a ir ao Hotel Doplhin, 1408 é, com certeza, um dos melhores filmes do gênero que vi ultimamente. Ótimo entretenimento com uma rotina de terror bem conseguida independentemente do ponto de vista.
Uma curiosidade: há diversas referências ao número 13 ao longo do filme. Uma delas é o próprio título, cuja soma dos números dá exatamente 13.
sábado, 23 de fevereiro de 2008
O Show de Truman [The Truman Show]

Hounddog [pré-crítica]

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
O Caçador de Pipas [The Kite Runner]

Amir é um jovem privilegiado: pertence à etnia dominante do país (pashtu), freqüenta a escola, mora em uma bela casa e seu pai é um rico homem de negócios e figura conhecida de Cabul. É órfão de mãe e um jovem relativamente frágil. Hassan é o oposto. A única semelhança com o amigo é a ausência da presença materna em sua vida. É analfabeto e, assim como o seu pai, é serviçal na casa de Amir. Faz parte da minoria hazara, etnia menos abastada, geralmente discriminada e odiada no Afeganistão. Hassan é corajoso, companheiro e protetor do solitário Amir, que luta pela atenção do pai. Há um laço de amizade não apenas entre os garotos, mas também entre seus pais. O pai de Amir trata todos como sendo da mesma família.
Hassan é eternamente fiel ao amigo, sentimento que em alguns momentos faz despertar revolta em Amir. Dentre várias brincadeiras e idas ao cinema com direito à coca-cola quente, um dos passatempos dos dois é a leitura. Amir fascina Hassan ao ler contos populares para o amigo analfabeto.
As pipas são o passatempo de inverno predileto dos jovens. Anualmente, um campeonato de pipas agita Cabul. Amir sonha em ganhar o campeonato para provar seu valor ao pai. Antes da competição, Amir parece desistir. Porém, mais uma vez, Hassan está ao seu lado e o ajuda a vencer o medo. Após a competição, acontece algo que muda a vida de Amir. Hassan é brutalmente violentado por três jovens. Amir presencia tudo, mas nada faz para ajudar o amigo. Decide não contar aquilo para ninguém. Mesmo após migrar com o pai para os Estados Unidos, durante a invasão soviética, o fantasma daquele dia ainda o atormenta.
Amir se torna escritor, se casa (com direito a Dança do Acasalamento e Dança do Arrocha - piada interna), mas não consegue esquecer sua falha com Hassan. Um dia, ele recebe um telefonema de um amigo que morava no Paquistão e finalmente tem a chance de reparar o erro do passado. Amir volta a sua terra natal e enfrenta uma realidade cruel.
Muitos anos se passam e Amir tem que voltar para sua terra natal para corrigir seus erros do passado, deparando-se com uma revelação que mudaria o curso de sua vida. Não contarei pra não perder a graça!O Caçador de Pipas é perfeito em todos os sentidos, a história, os atores, a cinematografia. É tudo tão impressionante que fica impossível de se adivinhar que o Afeganistão do filme na verdade é a China da vida real.O filme faz o público se apaixonar pela a atuação das crianças Zekeria Ebrahimi (Amir) e Ahmad Khan Mahmidzada (Hassan) e com o realismo que eles emprestaram aos personagens, assim como o ator que interpreta o pai de Amir (Homayoun Ershadi). O elenco é maravilhoso, especialmente o garoto que interpreta Hassan, um personagem que é verdadeiramente inesquecível. O script reflete o cuidado com que o autor, diretor e produtor colaboraram para contar uma história real.
Destaque¹: o diálogo dos dois amigos logo no início do filme. Amir pergunta a Hassan se ele teria coragem de comer terra, caso ele o pedisse. Hassan imediatamente retruca: - “Claro que comeria, mas você não me pediria uma coisa dessas, pediria?”
Destaque²: a música simplesmente LINDA da cena em que Amir (já adulto) acha que perdeu Sohrab. Quem é Sohrab? Assista o filme pra saber!
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
SEVEN – OS 7 PECADOS CAPITAIS [SE7EN]
Seven foi o primeiro filme sobre serial killers que eu assisti na minha vida. E foi junto com meu irmão. Na época, eu era muito novinha, ficava com medo de tudo, inclusive das cenas de morte nesse filme. Depois de um tempo, assisti novamente, e novamente. E hoje, em se tratando de filmes de assassinato em série, este é um clássico.
Diferente dos filmes de psicopatas adolescentes que matam casais de namorados por ordem de cachê, Seven segue a outra linha de enredos de serial killers hollywoodianos. Estou falando daquela categoria igualmente clichê de filmes policiais onde o grande detetive tem de desvendar pistas obscuras para capturar o assassino antes que este faça outra vítima. Mas Seven se destaca entre seus “companheiros” de enredo com seu bom, sólido e, principalmente, perturbador roteiro.
Fugindo à regra de que todo grande policial precisa dar grandes “sacadas” para seguir a trilha do bandido, vemos em Seven policiais que, apesar de darem suas “sacadas”, realmente ficam perdidos e desorientados ao enfrentar um assassino metódico e muito, muito cruel.
A história se passa em Los Angeles, onde o detetive Somerset (interpretado pelo veterano Morgan Freeman) está a uma semana de se aposentar e, em sua última investigação, ajuda o detetive Mills (Brad Pitt), novato na cidade, a se familiarizar. Mills acabou de chegar com sua mulher (interpretada por Gwyneth Paltrow) à Los Angeles, após trabalhar alguns anos no interior.
Juntos, Mills e Somerset vão investigar uma desagradável cena de crime onde um homem imensamente gordo foi amarrado e, aparentemente, obrigado a comer até a morte. Atrás da geladeira eles encontram, escrita em gordura, a palavra “GULA”. Pouco tempo depois um famoso advogado da cidade é violentamente assassinado, e a palavra “COBIÇA” está pintada na parede, com seu próprio sangue.
Somerset, após anos de experiência, percebe que se trata de um assassino serial que estaria matando pessoas de acordo com os sete pecados capitais: gula, cobiça, preguiça, luxúria, vaidade, inveja e ira.
A perseguição então se torna uma “visita” a mente de um psicopata e aos mais profundos esconderijos da maldade humana, em uma seqüência de crimes extremamente perturbadora e chocante, que deixou muita gente sem dormir depois do filme, inclusive eu.
O toque final nessa obra de arte é por conta de Kevin Spacey, que nos dá uma aula de interpretação fazendo o papel do assassino, John Doe (curiosidade: John Doe é um nome usado no jargão policial para identificar um desconhecido, um “Zé Ninguém”). A cara de indiferença do ator caiu como uma luva no papel do frio psicopata.
”Seven” é com certeza um filme de peso. Ele é bem reflexivo e angustiante. Toca em assuntos pesados, faz o espectador pensar em coisas que, só de lembrar, deixam-no arrepiado.
O enfoque psicológico do filme foi feito sob medida para deixar todo mundo deprimido, achando que o mundo é um lugar horrível de se viver. Tudo isso é graças à David Fincher, diretor dos também bem sucedidos “Clube da Luta” e “Quarto do Pânico” (que ficam para outra ocasião), que sabe como criar um filme pesado, um cenário deprimente e sujo, enfim, tudo que se precisa quando se quer falar do bestialismo da natureza humana.
Uma curiosidade: o número 7 aparece em diversos momentos ao longo do filme. O detetive Somerset é convidado para jantar às 7 p.m., o clímax de Seven deveria ocorrer às 7 p.m. e todos os prédios que aparecem na cena de abertura começam com o número 7.
O Auto da Compadecida
Mas vamos falar do filme.
Com direção de Guel Arraes, adaptado da peça de Ariano Suassuna, teve sua estréia no cinema em 1999. Filmado no nordeste do Brasil, o filme retrata a história de João Grilo), um nordestino mentiroso que luta por sua sobrevivência e que ao lado do covarde amigo Chicó tenta enganar os poderosos da sociedade.
A Igreja era completamente manipulada pelo dinheiro, e Suassuna deixa isso transparecer ao mostrar a corrupção do padre João (Rogério Cardoso) e do bispo (Lima Duarte). Estes, mesmo sendo ameaçados de morte pelo cangaceiro Severino (Marco Nanini), se recusam a entregar todo o dinheiro das ofertas, quem sabe intencionando comprar um bom lugar para onde estavam sendo mandados.
Na cena em que Nossa Senhora Aparecida (Fernanda Montenegro) intercede junto a seu Filho pelos homens, Suassuna levanta uma questão quanto à autoridade de Jesus. Mostra um Jesus submisso às vontades de sua mãe, ou melhor, somente acatando as decisões tomadas por ela.
Quando as ações dos personagens entram em conflito com a Igreja, geram algumas reflexões sobre os dogmas da Igreja. Defendendo seus "filhos", Jesus (Maurício Gonçalves) argumenta que todos são iguais diante de Deus ou do Diabo.
As cenas finais de O Auto mostram um julgamento e uma briga entre Deus e o Diabo - para decidir o futuro das almas dos personagens.
O momento mais chocante do filme é quando aparece um Jesus negro. Espanto enfatizado pelos próprios personagens ao verem um Jesus completamente oposto ao que sempre imaginaram.
O filme questiona a inclinação do homem para a maldade, o medo da morte vivenciado pelos atores, e o perdão o qual todos têm direito. A história termina com um contexto social, destacando a terra pobre, falando sobre os retirantes que vão para o litoral em busca de uma vida melhor. E critica a sociedade comparando o inferno com uma repartição pública que existe, mas não funciona.
O Auto da Compadecida é uma crítica em vários aspectos, onde revela toda a sujeira da sociedade e não esquece de todas artimanhas usadas pela Igreja e seus representantes. Onde um Jesus diferente foi preciso para determinar de uma vez por todas o preconceito embutido nessa sociedade capitalista.
Uma curiosidade: O Auto da Compadecida foi o primeiro filme feito inteiramente pela Globo Filmes, desde a idéia até seu desenvolvimento. Como isso aconteceu?
Não sei, só sei que foi assim que o cinema brasileiro vem crescendo a cada dia.
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Ace Ventura - Detetive de animais [Ace Ventura - Pet detective]
O primeiro de dois filmes é de 1994 e conta com a participação de atores como Dan Marino (interpretando ele mesmo), Sean Young (de Blade Runner) e Courtney Cox (a repórter Gale do filme Pânico), além, é claro, de Jim Carrey, que dispensa maiores apresentações.
Carrey interpreta um detetive lunático especializado em animais: se você quer encontrar seu passarinho fugitivo ou cachorro com pedigree que foi seqüestrado, este é o homem.Quando uin golfinho, mascote do time de futebol americano Miami Dolphins, é roubado logo antes da final do campeonato, Ace Ventura é chamado para solucionar o desaparecimento.
Logo em seguida, o craque do time, Dan Marino, considerado um dos maiores quarterbacks de todos os tempos também desaparece. Ace Ventura logo avisa que não investiga pessoas e deixa o assunto para a polícia.Mas quem iria querer roubar um golfinho, e para quê? Num crime tão pouco usual, de nada adiantaria um detetive normal. Por isso, ninguém mais apropriado que Ace para tratar desse caso.
Para ser um detetive de animais de estimação, é preciso entender tanto de criminosos quanto de animais. Ace Ventura vai além: ele se comporta como um animal criminoso. Seu apartamento lembra um mini zoológico, com um gambá no cesto, uma lontra no vaso sanitário e dois pingüins (de verdade) na geladeira, além de esquilos, lagartos, guaxinins e outros animais.
O destaque do filme, claro, é o humor físico do iniquieto e incansável Carrey, que usa e abusa do nonsense. No melhor estilo clown, ele demonstra preparo físico e muita flexibilidade farejando a pista do golfinho às vezes, literalmente.
Carrey parece feito de borracha, e é divertido esperar para ver o que ele vai fazer com o próprio corpo a comparação com o comediante Jeny Lewis é inevitável.Alguns jogadores do time de futebol profissional também têm participação especial no filme, inclusive o astro Dan Marino.
Durante suas investigações pouco ortodoxas, ele conquista a bela diretora de Marketing do Dolphins, Melissa Robinson (Courtney Cox, da série Pânico), que enxerga uma insuspeitada beleza interior sob aquela estranha superficie, de penteado lembrando um Elvis exagerado, roupas cafonas e comportamento para lá de inapropriado.Observando o comunicar se com seu próprio cachorro, Melissa fica tocada com a sensibilidade de Ace. "Você ama os animais, não é mesmo?", pergunta. "Se esfriar o suficiente...", rebate o irreverente investigador.
Entendido por alguns como uma sátira aos filmes de investigadores particulares, o filme conta com algumas curiosidades, como:
O nome da clínica mental que aparece no filme, "Shady Acres Mental Hospital", é uma referência ao nome do diretor Tom Shadyac.
Em determinada cena, aparece em cima da mesa da Tenente Einhorn (Sean Young) uma anotação com a data 17 de janeiro. Esse é o dia do aniversário de Jim Carrey.
Foi idéia do próprio Jim Carrey colocar a turma do Cannibal Corpse no filme, porque esta é a banda predileta do ator. A música que eles tocam, "Hammer Smashed Face", faz parte do terceiro álbum da banda, chamado "Tomb of the Mutilated".
Quanto à trilha sonora, o filme não deixa a desejar. Conta com “Line Up” do Aerosmith, Missão Impossível (clássicaaa!) e “The Lion Sleeps Tonight” (quem não lembra dessa musiquinha em O Rei Leão?).
No MTV Movie Awards, Jim Carrey foi indicado na categoria ‘melhor comediante’
Uma feliz coincidência: nos EUA o filme teve sua estréia no dia 04 de fevereiro de 1994. Meu aniversário!!!!
Meu nome não é Johnny
Selton Mello protagonizando o primeiro lançamento nacional do ano recém chegado e mostrando que trabalhador que rala de verdade, não descansa. Digo trabalhador porque Selton atuou, deu palpite na escolha do elenco e ajudou a escrever os diálogos, como se não pudesse evitar a intromissão.
Interpretando pela primeira vez um personagem que "estava a seu lado", ele revive algumas histórias da vida de uma lenda urbana carioca: João Estrella. Jovem da classe média-bem-relacionada, João era moleque quando fumou seu primeiro baseado, meio ao acaso. No filme, o papel do carinha que descola o primeiro pra ele é interpretado por Rodrigo Amarante, também conhecido como baixista do Los Hermanos. Daí João foi crescendo e o vício também. Um dia ele se viu vendendo, ganhando e gastando mais do que imaginava e não soube a hora de parar. E chegou num tribunal, viu a mãe ali chorando e foi parar no meio dos loucos e se tornou ainda mais humano. Saiu de lá gente grande.
De tão carismático, João ganhou até um livro sobre a própria história, escrito por Guilherme Fiúza, de onde saíram as situações que deram origem ao filme. Júlia Lemmertz faz o papel da mãe de Estrella, que no final das contas foi a última a saber de tudo. Cléo Pires interpreta a namorada Sofia que esteve ao lado dele em boa parte da jornada. Aliás, Cléo e Selton estão bem afinados. Afinados também são os diálogos que você imagina surgindo normalmente naquelas situações, principalmente se você conheceu algum cara boa praça como o João.
Rafaela Mandelli, que foi protogonista da "novelinha" Malhação por uma ou duas temporadas, se destaca no papel da amiga que também passa por várias metamorfoses dentro da história. E a história se desenrola dentro dessa perspectiva: As várias etapas, a oscilação de alguém que conhece o auge da juventude sem muita noção de limites, e acaba pagando sua pena e voltando à vida normal.
Selton Mello encarnou o seu próprio “Johnny”, o que deu mais charme à trama. Muitos dizem que a história contada dessa forma heroiciza demais o personagem. Mas afinal, ele é um personagem, não? Mauro Lima dirigiu Tainá 2 por encomenda, e caiu no projeto de "Meu Nome Não É Johnny" também por convite. E apesar de não ser um projeto "pensado" por ele, conduziu o filme pela linha pop que ele precisava ter.
Em tempos de Tropa de Elite ninguém escapa a uma comparação, a uma pergunta. E sabe, melhor dizer que os dois filmes não se parecem, porque não se parecem mesmo. Os dois talvez lidem com a mesma coisa por prismas diferentes e um pode até abafar o outro, porque em cinema às vezes a subjetividade perde pontos frente à ação. Melhor separar cada um e deixá-los em seus devidos lugares para não julgar errado.
Selton disse que até foi convidado a participar do Tropa. Seria "aquele que pede pra sair", mas já tinha acertado com Mariza Leão sua participação no Johnny. E ele fez bem, porque era preciso alguém como ele pra trazer à tela esse homem-humano.
A história é interessante. A direção coerente. Mas falta à trama uma universalidade maior que transmita a idéia de reconhecimento com o personagem, que é ele mesmo a essência do filme. A fábula do vim-vi-e-venci soa meio piegas. Tudo bem, foi bonito isso, mas e daí? Ressaltando, o melhor desse filme são seus personagens e suas histórias. Segue um ritmo gostoso de ver, mas quando passa a ser sério, perde a graça. Quem gosta do Selton deve ir. E quem gosta de cinema brasileiro, também.
A Fantástica Fábrica de Chocolate [Willy Wonka and the Chocolate Factory]
Não li o livro original!!! Começo com essa sentença para alertar que não estarei apto a fazer correlações entre ele e o filme dirigido por Mel Stuart. Sei apenas, de leitura e opiniões de quem já leu e assistiu ao filme que há muitas diferenças entre ambos. Não importa! A Fantástica Fábrica de Chocolate (ou Willy Wonka and the Chocolate Factory no original) é um filme mágico.
Todos os seus atos são praticamente perfeitos, e existem cenas inesquecíveis em cada um deles. Também não entrarei em questão alguma sobre o que existe por trás dos filmes. Há até hoje muita falação sobre o roteirista que não gostou da versão final, do autor que detestou o filme, enfim, isso não é o ponto em foco nesta crítica. Finalmente, não entrarei em comparações com a nova versão da história lançada recentemente.
Charlie é um menino muito pobre que vive com seus quatro avós e a sua mãe em uma casa caindo aos pedaços. É possível, em todos os momentos, sentir a dor da família, mas esta sempre se contrasta com a alegria e esperança de Charlie por um futuro melhor, digno. Ele tem fortes esperanças de trazer ao menos um pouquinho de alegria para seus familiares. Quando o grande e misterioso Willy Wonka promove um concurso que abrirá para cinco felizardos as portas de sua ainda mais misteriosa fábrica de chocolate, essa esperança acende-se mais forte do que nunca.
A batalha não será fácil: sem dinheiro para comprar chocolates e procurar por um dos tickets premiados, Charlie é um mero espectador desse evento mundial. Seu professor (figura bizarra) caçoa dele por não ter comido centenas de barras de chocolate como todas as outras crianças - esta é a imagem da tristeza, quando começamos a sentir por Charlie e a torcer por seu personagem. E, quando o espectador importa-se com um personagem, ele vai se interessar muito mais pelo filme.
Todos os quadros apresentando as crianças premiadas (obviamente Charlie, por sorte do destino, acabará sendo uma delas) são únicos, possuidores de um humor cruel e adulto. Embora marqueteado até hoje como um filme infantil, apenas os mais crescidos, se lhe interessarem, poderão desfrutar das sutilidades que o roteiro apresenta, um estilo peculiar que se demonstra bizarro e cômico ao mesmo tempo.
Mas ainda nem chegamos na fábrica de chocolates! É onde o magnífico Gene Wilder entra em ação, como Willy Wonka. Com uma cena de introdução meio que improvisada (uma cambalhota inesperada e estupidamente divertida), ele mostra, à princípio, ser uma figura amistosa e muito simpática. Claro que essa impressão inicial não durará para sempre...
As coisas vão ficando mais e mais estranhas quando as crianças entram na fábrica. Contratos esquisitos com linhas ilegíveis, salas com todos os objetos cortados pela metade, tiradas inteligentes e rápidas de Wonka, ironias para com as crianças mal-educadas e seus pais irresponsáveis. O filme, num todo, é uma grande lição de moral para os pais. No final a mensagem apresentada é lindíssima e consegue fugir da pieguice, ainda mais se considerarmos a época conturbada em que o filme foi realizado. Uma mensagem que hoje seria considerada simples e muito clichê, mas que encaixou-se como uma luva no filme.
A direção de arte é um caso que deve ser discutido à parte. Muitos a consideram simplesmente de mal gosto - isso nos dias atuais. Que nada! Ela é belíssima. Com recursos bem limitados e efeitos especiais quase que nulos, o filme ainda hoje apresenta um visual estonteante. Não é difícil soltar a imaginação e deixar-se levar pela idéia de você ser uma daquelas cinco crianças sortudas. A cada nova sala da fábrica que o grupo de visitantes adentra existem inúmeras surpresas, algumas esquisitas, algumas divertidas, algumas bizarras, algumas com nomes estranhos, com aparência estranha, com barulhos estranhos. Fica complicado não se repetir ao afirmar que é um grande e impressionante mundo mágico.
Os Oompas Loompas - trabalhadores da fábrica - são figuras assustadoras. Anões de pele laranja e cabelos verdes que gostam de cantar canções bizarras (mas estas até hoje permanecem na minha cabeça) e fazer acrobacias. Ao lado de Willy e da direção de arte, são o coração da fábrica e do filme. Visualmente são os elementos mais inesquecíveis e musicalmente, também.
Charlie é possivelmente o melhor filme infantil voltado para mentes adultas. Pode ser sim apreciado por crianças, mas só será totalmente aproveitado por adultos com um mínimo de esperteza e boa vontade. Embora já tenha mais de três décadas de vida, apenas algumas cenas aparentam ser tecnicamente datadas. Já seus personagens não - estão serão eternos enquanto durarem. Uma obra-prima e um filme imperdível, que merece ser adquirido em qualquer mídia possível para ter e ver e rever muitas vezes.
Cantando na Chuva [Singing in the Rain]
Muito antes de John Travolta fazer sucesso nos embalos de sábado, Gene Kelly já arrebentava dançando na chuva e nas telas do cinema. Cantando na chuva é considerado o melhor musical de todos os tempos, o legítimo representante da época de ouro dos musicais.
O filme mostra todo o romantismo, o luxo, o glamour e uma certa ingenuidade – marcas registradas do gênero. Os números musicais são os melhores já produzidos com destaque para as performances de Kelly dançando sozinho, com Donald O’Connor ou com Cyd Charisse. Outro destaque é a atriz Jean Hagen como a estrela insuportável de voz estridente.
Em mais uma injustiça memorável, tudo que Cantando na chuva conseguiu na Academia foi duas indicações para o Oscar: Melhor atriz coadjuvante (Jean Hagen) e direção musical. O roteiro é ótimo, além de satirizar os primeiros anos do cinema falado, faz uma paródia do próprio cinema, dos atores e do universo de Holywood.
Mesmo com essa visão irônica, o filme é um registro do cinema da época e retrata um momento histórico: A passagem do cinema mudo para o falado. Aborda também a polêmica discussão Teatro versus cinema, através da personagem de Debbie Reynolds que em princípio defende a nobreza do teatro como o pai das artes cênicas. Mas, no final, rende-se ao glamour do cinema, pregando sua magnificência e massageando mais uma vez, o ego insaciável de Holywood.
Cantando na chuva é um momento de rara beleza do cinema, é pura diversão.
Ilha das Flores - Encontro marcado com a miséria
A exposição didática das idéias, de forma encadeada, amarrada às informações, na medida em que elas aparecem na narração sólida e segura do ator Paulo José, constituem o eixo em torno do qual acabam gravitando os espectadores.
O ritmo alucinado utilizado para que fiquemos sabendo sobre os tomates do Sr. Suzuki, o perfume de dona Anete, o surgimento do dinheiro e as peculiaridades dos seres humanos (o polegar opositor e o tele-encéfalo altamente desenvolvido), nos dá pouco tempo para refletir sobre toda a informação e exige que acabemos assistindo ao vídeo duas ou até mesmo, três vezes.
Outra característica marcante do curta-metragem Ilha das Flores é a profusão de imagens. É como se tudo fosse uma verdadeira colagem feita pelo diretor e pelos editores do filme. As imagens se sucedem na medida da necessidade de explicação de um conceito apresentado no texto. Chega a ser um tanto quanto enlouquecedor e, nesse aspecto, reside um dos fatores que torna o filme imperdível, todos (inclusive e, especialmente, os alunos) prestam atenção o tempo todo.
O mais importante, porém é que "Ilha das Flores" coloca em pauta a discussão acerca da pobreza, da fome e da exclusão social. Levando-se em conta que foi produzido em 1989, dá para perceber que as coisas não mudaram muito entre o Brasil daquela época e o de hoje...
p.s.: o vídeo completo pode ser achado no Youtube. só não postei aqui pois são 3 partes.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
era pra falar de filme
Vai soar um tanto quanto óbvio, mas comecemos por "O Fantasma da Ópera", um dos meus prediletíssimos e inspirador do nome do blog [o primeiro post "Little Lotte" é referência ao diálogo de Christine e Raoul depois da apresentação dela, quando eles relembram os tempos de infância].
O musical de Andrew Lloyd Webber é o segundo a ficar mais tempo em cartaz na história (só superado por "Cats", também assinado por Webber), mas o primeiro em bilheteria. Desde a sua estréia (em Londres, 1986), "O Fantasma da Ópera" foi visto por nada menos do que 50 milhões de pessoas.
''O Fantasma da Ópera'' é uma fábula que conta a história de um homem desfigurado (Gerald Butler, de "Tomb Raider") que acabou por se tornar um gênio musical, tendo em vista às circunstâncias (a vida isolada nas catacumbas embaixo da Casa de Ópera de Paris).
Por ser misterioso e quase mítico, é chamado de fantasma e causa medo e fascínio em todos que trabalham e freqüentam a Ópera.
Quando se apaixona por Christine (Emmy Rossum, de "Sobre Meninos e Lobos" e "O Dia Depois de Amanhã"), órfã de um grande músico que também foi criada nos arredores na Ópera pela Madame Ciry (Miranda Richardson, de "As Horas") e trabalha como corista, o Fantasma decide fazer dela a nova estrela da Ópera.
Com a saída da temperamental diva, La Carlotta (Minnie Driver, de "Gênio Indomável"), estrela principal dos espetáculos, os novos gerentes não têm outra opção senão confiar em Christine como protagonista. Tudo corre bem até ao momento em que Christine reencontra sua paixão de infância, Raoul, Visconde de Chagny (Patrick Wilson, da mini-série "Angels in América"), e revive com ele um grande amor - o que, claro, deixa o Fantasma furioso.Está assim armado o cenário para o desenrolar da história deste triângulo amoroso: Christine, a bela e angelical menina de 16 anos, que se vê dividida entre o amor que sente por Raoul e a ambígua gratidão e encanto que sente pelo Fantasma, cuja aparência ela desconhece, mas que tem sido seu mestre misterioso na arte da música e a ensinou a cantar.
O filme recebeu três indicações ao Oscar, nas seguintes categorias: Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte e Melhor Canção Original ("Learn to Be Lonely"). O elenco principal é formado de iniciantes e poucos conhecidos, embora sejam atores competentes. Sabe-se no entanto que nomes de peso como Antonio Banderas e John Travolta foram cotados para interpretar o Fantasma.
Para o papel de Christine, algumas das atrizes que foram consideradas: Keira Knightley, Katie Holmes, Anne Hathaway, e Charlotte Church. Emmy Rossum, no entanto, parece ter sido a escolha mais acertada: não apenas por ter exatamente a idade da sua personagem, nem somente pela voz angelical e suave, mas por emprestar à sua Christine toda a ambigüidade que o papel lhe pedia. A escolha do elenco foi de Joel Schumacher. Diz-se que única exigência de Webber foi de que os próprios atores escolhidos cantassem suas canções na história.
Curiosidades: Na cena do incêndio, as chamas eram reais. Como Schumacher queria realismo, os sets do teatro foram realmente queimados. Ademais, tamanho foi o perfeccionismo do diretor, que foram contratados para o filme os mesmos escultores que prepararam os sets da versão teatral de "O Fantasma da Ópera" exibida em Londres.
O orçamento do filme foi de aproximadamente US$ 70 milhões. Parte desse valor saiu do próprio bolso de Webber, que produziu o filme.
Para quem gosta de musicais, vale a pena conferir!
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
sonho de sonhadora
Após alguns momentos de expectativa, ansiedade e aquela sensação de borboletas no estômago, ouve-se o som da marcha. Todos se colocam em pé para vê-la chegar em uma carruagem branca e, em seguida, percorrer o corredor ao som de Open Arms.
Eles dizem sim e agora são UM. Forever and ever...
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
anxiety
Ele vem ou não vem? Eu reservo ou não reservo?
Fico feliz pela possibilidade do hoje
Ou espero pela certeza de amanhã?
O pior é não contar! É ter que sentir sozinha..
Sentir o coração apertar, a saudade bater.
Querer acreditar, querer não apostar demais.
Desejo de aprontar tudo em 24 horas
E de esperar mais 30 dias.
Amanhece quarta, mas não terça
As horas passam, mas a resposta não chega.
E no meio do caminho tem uma noite!
Depois da noite ainda há o fuso horário..
E enquanto isso, há chocolate e coca-cola.
Why Litte Lotte
Little Lotte thought: Am I fonder of dollsor of goblins
or shoes, or of riddles of frocks, those picnics in the attic
or of chocolates
Father playing the violin as we read to each other
Dark stories of the North
No, what I love best, Lotte said, is when I'm asleep in my bed
and the Angel of Music sings songs in my head!